Ao lado de Trump, Bukele diz que não irá devolver migrante deportado por engano aos EUA. Bukele afirmou que devolver Abrego Garcia seria semelhante a contrabandear ‘um terrorista para os Estados Unidos’

WASHINGTON – O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, afirmou nesta segunda-feira, 14, que não irá permitir o retorno de um imigrante salvadorenho que foi injustamente deportado dos Estados Unidos para uma prisão de segurança máxima no país da América Central.
“É claro que não vou fazer isso”, disse Bukele após uma pergunta de uma jornalista americana, após uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval. O caso da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia está no centro de uma batalha judicial que chegou à Suprema Corte.
Bukele afirmou que devolver Abrego Garcia seria semelhante a contrabandear “um terrorista para os Estados Unidos”. Enquanto o presidente salvadorenho respondia a pergunta, Trump sorriu em aprovação, cercado por membros de seu gabinete.
Erro administrativo
O governo Trump afirmou em tribunal que a deportação de Abrego Garcia foi um “erro administrativo”. Em 2019, um juiz de imigração proibiu os Estados Unidos de deportá-lo, alegando que ele poderia enfrentar violência ou tortura se fosse enviado para El Salvador. Ele chegou aos Estados Unidos ilegalmente em 2011.
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Na semana passada, a Suprema Corte ordenou que o governo “facilitasse” o retorno de Abrego Garcia. Mas, em um documento judicial apresentado no domingo, 13, o Departamento de Justiça argumentou que os tribunais não tinham o poder de ditar as medidas que a Casa Branca deveria tomar para o retorno de Abrego Garcia, porque somente o presidente tinha o poder de lidar com a política externa dos EUA.
A reunião no Salão Oval na segunda-feira foi um exemplo claro da resistência de Trump aos tribunais. O presidente e seus principais funcionários da Casa Branca disseram que a decisão sobre Abrego Garcia, de 29 anos, pai de três filhos, teria que ser tomada por Bukele.

Deportações
O governo Trump justificou o uso de uma autorização de guerra para deportar imigrantes para El Salvador alegando que eles são membros de gangues violentas como a MS-13, originária de El Salvador e que opera na América do Sul, e o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua.
Embora alguns dos deportados tivessem condenações criminais, documentos judiciais mostraram que as evidências nas quais o governo se baseou para rotular alguns deles como membros de gangues muitas vezes eram pouco mais do que o fato de terem tatuagens ou usarem roupas associadas a uma organização criminosa.
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Durante a reunião com Bukele, Trump também apontou que está disposto a enviar cidadãos americanos condenados por crimes violentos para El Salvador.
“Sou totalmente a favor”, disse Trump, acrescentando que a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, estava estudando se a ideia era legalmente viável. “Se for um criminoso local, não tenho problema, não”, disse ele, acrescentando: “Estou falando de pessoas violentas. Estou falando de pessoas realmente más.”/com NYT. Por Redação – 14/04/2025 16h 25.
Publicado às 16h 27, desta segunda-feira, 14,