Diálogos mostram comemoração de PMs após chacina em Camaragibe: ‘Tô feliz, tem que ser assim’

Relatório da inteligência da Polícia Civil de Pernambuco comprova que policiais participaram de assassinatos após mortes de dois colegas de farda, em setembro de 2023

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Por Raphael Guerra (para) Neto Gaia às 16h 24, desta segunda-feira (11)

Assassinatos chegaram a ser transmitidos ao vivo, por meio de uma rede social, e chocaram o País – REPRODUÇÃO

Um relatório do núcleo de inteligência da Polícia Civil de Pernambuco, obtido com exclusividade pela coluna Segurança, do Jornal do Commercio, revela detalhes da participação de policiais militares na chacina de Camaragibe, no Grande Recife, ocorrida em setembro de 2023. Há, inclusive, diálogos com a comemoração de alguns deles.

O documento, produzido a partir da quebra dos sigilos telefônico e telemático de parte dos investigados, foi fundamental para que o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidisse denunciar 12 PMs à Justiça na semana passada. O grupo se tornou réu por triplo homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas). Mas o caso segue sob investigação porque outros assassinatos ainda não foram esclarecidos (relembre mais abaixo)

Em um dos áudios enviados por meio de WhatsApp, transcritos pelo núcleo de inteligência, um policial militar incentiva que o grupo faça a caçada ao vigilante Alex da Silva Barbosa, suspeito de atirar e matar o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, 38, no bairro de Tabatinga, na noite de 14 de setembro. 

“Independente de qualquer coisa, meu véio, tem que fazer igual aos nossos irmãos do Sertão, quando pega, tora essas desgraças. Pode trocar tiro com a gente e deixar esses vermes vivos não, pra chegar na cadeia, se vangloriando, que tirou a vida de dois companheiros, dois pais de família, tem que torar, tem que pegar essas desgraças (…). Não atira na cabeça não, atira no tórax, debaixo da axila, de lado, meu irmão, atira no pulmão dele e socorre, deixa ele tomar no (…), o satanás levar esses desgraças.”

No documento, a equipe do núcleo de inteligência ressalta que, na transcrição, “já se mostra a intenção de alguns policiais de não irem para a situação para prender ou tratar o caso de forma lícita e, sim, a realização de uma suposta vingança. Comenta ainda no local dos disparos que não sejam feitos na cabeça, possivelmente para não parecer execução”.

Neto Gaia

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