
Ou o mundo do futebol entra firme na parada, ou mais gente vai sair morta dos nossos estádios.
Por Mauro Beting
21/08/2025 | 08h52
Atualização: 21/08/2025 – 09h 56 | Atualizado às 6h 30.
Veja imagens da briga de torcidas entre Independiente e La U na Argentina
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Jogo foi cancelado após cenas de barbárie em Avellaneda. Crédito: AFP
É preciso apurar sem açodamento. Mas é mister punir sem leniência.
A Conmebol, historicamente, pouco pune bandoleiros e bandalheiras. A barbárie de batalhas fora e dentro de campo das primeiras Libertadores sem televisão – ou mesmo já com imagens. Escudos para proteger cobranças de escanteios até poucos anos. Nada fez a entidade em casos de mortes em estádios. Fingia punir na Justiça. Ou “punia” pelas arbitragens. Pouco fez contra o preconceito racial além de hashtags.
Nos incidentes entre torcedores inclementes de Independiente e Universidad de Chile, em Avellaneda, ao que parece, a violência começou a partir da torcida visitante e descambou com a da mandante.

Simples e simplório como os valentões covardes: as duas equipes são eliminadas se comprovado que torcedores dos clubes participaram na barbárie na Grande Buenos Aires. Se apenas um “torcedor” foi o irresponsável, que ele também seja punido. Penas administrativas, pecuniárias e eliminação sumária da Copa Sul-Americana. Passa, do outro lado, o Alianza Lima, já classificado para a outra fase da competição. Sem jogo. Não tem jogada com tanto barbárie.
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Por um princípio básico do Direito, consagrado no Estatuto do Torcedor no Brasil de 2003 (e em legislações mais avançadas no mundo), a responsabilidade objetiva dos clubes pelos torcedores entraria em campo. Pode a associação não ter nada a ver com a torcida (e muitas vezes eles têm mesmo impressões digitais), mas se houver casos como esse, o clube paga a conta, esportivamente. Fica fora, eliminado da competição, quando não fica excluído de outras a seguir.
Como aconteceu com todos os clubes ingleses, pela violência na Batalha de Heysel, na final da Champions League de 1985, quando torcedores do Liverpool mataram 39 torcedores da Juventus, no estádio em Bruxelas.
Por cinco anos, todos os clubes da Inglaterra foram impedidos de disputar torneios europeus organizados pela UEFA.
Duro, sim, mas necessário, como passou da hora de ser mais necessário, mais firme e duro, a entidade sul-americana com os torcedores barra bravas na Argentina, no Chile, no Brasil e em toda a América. Passou da hora de se passar pano e a mão na cabeça. A Conmebol tem que fazer alguma coisa para evitar que outras cenas como essas possam acontecer. Ou se normalizar o fim da picada e início da porrada.
Se é que pensam esses bípedes, se é que dizem mesmo ser torcedores dos seus clubes, a maior punição é ver os clubes sofrendo sem jogo, torneio e dinheiro. Dar um choque não apenas policial. Os clubes precisam expiar por esse tipo de gente. Precisam sofrer as instituições que ainda assim sofreriam muito menos do que as famílias que sofrerão eternamente pela violência contra seus familiares.
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Passou da hora, Conmebol, de agir. Se comprovado que isso aconteceu mesmo com a Universidad e com o Independiente, com as duas ou com apenas uma das torcidas, que se puna com rigor. É o único jeito de tentar minimizar a violência no esporte.
É isso, sempre: é violência no esporte, não é do futebol.
Mas não podemos achar que é só jogar a bola de pedra e lama e morte para o Ministério Público e autoridades policiais a solução de um caso que não tem solução. Ou o mundo do futebol entra firme na parada, ou mais gente vai sair morta dos nossos estádios.
A bola está com você, Conmebol. Não saio de campo e nem da raia e do ringue.
Como já acontece até com gente má e do mal, se a punição sobrar para o clube, até os inconscientes e inconsequentes saberão como agir. Ou não reagir.