Por que câncer colorretal, que matou Preta Gil, cresce ‘assustadoramente’ em pessoas de até 50 anos

By Neto Gaia jul21,2025

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A cantora e apresentadora Preta Gil morreu aos 50 anos após complicações de câncer colorretal. No caso dela, o tumor foi descoberto em janeiro de 2023, quando tinha 48 anos.

Por BBC ‘para’ Neto Gaia.

Preta Gil morre aos 50 anos

“Assustador”. “Preocupante”. “Problema global”. “Alerta mundial”. Esses foram alguns dos termos usados por médicos entrevistados pela BBC News Brasil para descrever o crescimento dos casos de câncer colorretal na população mais jovem, com menos de 50 anos.

No domingo (20), a cantora e apresentadora Preta Gil morreu aos 50 anos após complicações de câncer colorretal. No caso dela, o tumor foi descoberto em janeiro de 2023, quando tinha 48 anos.

Esse tipo de câncer, que afeta o intestino grosso (o cólon) e o reto, está entre os mais impactantes na saúde e na qualidade de vida. E, nas últimas décadas, uma tendência estranha chamou a atenção dos especialistas.

Em várias partes do mundo, os casos de câncer colorretal permaneceram relativamente estáveis entre os mais velhos — que proporcionalmente continuam a representar a maioria dos acometidos pela enfermidade.

No entanto, as taxas de casos desse tumor começaram a subir com rapidez entre indivíduos com menos de 50 anos.

“Se você comparar os números atuais com a taxa que tínhamos há 30 anos, alguns trabalhos chegam a apontar um aumento de 70% na incidência de câncer colorretal em pacientes jovens”, resume o oncologista clínico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or.

Essa diferença nas estatísticas já provocou algumas mudanças de saúde pública: nos Estados Unidos, um dos primeiros países a detectar o fenômeno, a idade mínima para a realização de exames preventivos que flagram o tumor colorretal precocemente (sobre os quais falaremos adiante) caiu de 50 para 45 anos.

No Brasil, alguns dados preliminares obtidos pela reportagem também apontam para um crescimento da doença numa idade precoce.

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O que dizem os números

Um relatório da Sociedade Americana de Câncer divulgado no início de 2023 calculou que 20% dos diagnósticos de tumor colorretal realizados nos EUA em 2019 aconteceram em pacientes com menos de 55 anos.

Essa taxa é o dobro do que era observado em 1995. Os autores do documento calculam que as taxas de detecção dessa enfermidade em estágio avançado cresceram cerca de 3% ao ano entre indivíduos que ainda não completaram 50 anos.

Em 2023, as estimativas americanas apontam 19,5 mil casos e 3,7 mil mortes por câncer colorretal entre os mais jovens.

Tendências parecidas foram observadas em diversos países europeus, como o Reino Unido.

A BBC News Brasil consultou o Instituto Nacional de Câncer (Inca) para descobrir se um cenário parecido também acontece no país.

Para responder os questionamentos da reportagem, a epidemiologista Marianna Cancela, pesquisadora titular da Vigilância e Análise de Situação da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do Inca, analisou as taxas ajustadas por idade da incidência de câncer colorretal no Brasil entre 2000 e 2017.

“No caso do câncer colorretal, é verdade que há um aumento no Brasil, mas isso ainda ocorre em todas as faixas etárias”, diz ela.

“A gente observa que, no ano 2000, havia em torno de 5 casos desse tumor por 100 mil habitantes entre homens de 20 a 49 anos. Em 2017, tivemos cerca de 6 casos. Isso é algo estatisticamente significativo”, calcula a especialista.

cancer de colon — Foto: GettyImages/BBC

cancer de colon — Foto: GettyImages/BBC

“Entre as mulheres mais jovens, também observamos essa tendência de aumento, mas ela ainda não é significativa do ponto de vista estatístico.”

Em outras faixas etárias — entre 50 e 59 anos e acima dos 60 anos — também há um crescimento, numa magnitude maior (uma vez que a doença se torna mais comum conforme envelhecemos).

Cancela ainda destacou duas pesquisas que ela publicou recentemente sobre o tema. Numa delas, o grupo de cientistas analisou se o Brasil será capaz de cumprir as metas da ONU de redução das mortes prematuras por câncer.

Publicado às 9h 58, desta segunda-feira, 21. | Participação em foto: do G1 São Paulo.

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