Publicado às 6: 58, desta quinta-feira, 23.
A cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, foi alvo de intensos tiros e explosões na manhã de quarta-feira (22), no segundo dia da operação militar israelense “Muro de Ferro”, apresentada como “antiterrorista”.
“A situação é muito difícil. O Exército de ocupação destruiu todas as estradas que levam ao campo de Jenin e ao hospital”, disse o governador Kamal Abu Rub, à AFP. “Há tiros e explosões. Um avião está sobrevoando a área e cerca de 200 pessoas estão presas no pátio do hospital de Jenin e não conseguem sair”, acrescentou ele, informando que cerca de 20 pessoas foram presas.
No dia seguinte à posse do novo presidente norte-americano Donald Trump, de quem o governo israelense espera um forte apoio, o Exército anunciou na terça-feira que tinha “lançado uma operação antiterrorista” nesta cidade do norte da Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.
O último relatório do Ministério da Saúde palestino publicado na noite terça-feira (21) informou que dez pessoas morreram e 35 ficaram feridas na ofensiva.
O Exército israelense disse na quarta-feira que “atingiu mais de dez terroristas” durante a operação. “Ataques aéreos contra infraestrutura terrorista foram realizados e muitos explosivos colocados nas estradas pelos terroristas foram desmantelados”, afirmou.
O ministro da Defesa, Israel Katz, justificou a Operação “Muro de Ferro” no campo de refugiados de Jenin, prometendo que ela representaria “uma mudança na abordagem de segurança” dos militares israelenses na região.
“Atacaremos de maneira precisa os tentáculos do polvo até que sejam cortados”, insistiu, enfatizando a necessidade de não deixar essas estruturas reaparecerem quando a operação terminar, “uma lição importante das repetidas táticas de ataque usadas em Gaza”.
Operações militares frequentes
Jenin, e em particular seu campo de refugiados, é regularmente alvo de operações militares israelenses contra membros ou líderes de grupos armados.
Nos últimos meses, as operações se sucederam, deixando bairros inteiros isolados, principalmente porque o asfalto de algumas estradas foi arrancado por escavadeiras israelenses. O Exército explica que usa esses dispositivos para se proteger de artefatos explosivos.
Na terça-feira, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu justificou a operação pela necessidade de “erradicar o terrorismo” em Jenin, como parte de uma estratégia mais ampla visando o Irã, “onde quer que ele envie armas – em Gaza, Líbano, Síria, Iêmen” ou Cisjordânia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que está “muito preocupado” e pediu a Israel que “exerça o máximo de contenção e use força letal somente quando for absolutamente inevitável para proteger vidas”.
(Com AFP)