Ministro da Defesa de Israel pede plano de retirada de palestinos ao Exército, enquanto Casa Branca tenta amenizar fala de Trump

By Neto Gaia fev6,2025

Proposta americana para lidar com civis de Gaza provocou reações negativas de parceiros e rivais no cenário internacional

[…] Por O GLOBO com agências internacionais — Tel Aviv e Washington | Para Neto Gaia […]

Em meio à onda de rejeição ao plano anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, de retirar os palestinos da Faixa de Gaza e assumir o território, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, deu ordem nesta quinta-feira para que o Exército prepare um plano do que chamou de saída voluntária da população de Gaza. A movimentação do ministro, que classificou o plano de Trump como “audacioso”, ocorre em um momento em que a Casa Branca tenta amenizar a fala do presidente.

“Pedi ao Exército israelense para preparar um plano para permitir que os habitantes de Gaza saiam voluntariamente”, afirmou em um comunicado, acrescentando que o objetivo é permitir a saída de “qualquer residente de Gaza que deseje, para qualquer país que os aceite”, sugerindo que países como Espanha, Irlanda e Noruega, que se opuseram às operações militares israelenses no enclave, teriam a obrigação de recepcioná-los.

MAIS SOBRE DONALD TRUMP 

FBI - AFP

Agentes do FBI processam governo para impedi-lo de divulgar nomes envolvidos em investigações sobre Trump e invasão ao Capitólio

O presidente dos EUA, Donald Trump; e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegam para uma entrevista coletiva na Casa Branca - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Como Trump teve a ideia de ‘assumir’ o controle de Gaza? Secretário de Estado soube pela TV

Ainda de acordo com o ministro, o plano incluiria opções de saída através das passagens terrestres, assim como medidas especiais para saídas por mar e ar. Katz, contudo, não explicou como imagina que isso se dará, uma vez que o único aeroporto de Gaza foi destruído durante a Segunda Intifada (2000-2005) e o território não possui um porto para o transporte de passageiros.

Ele também não detalhou se Israel permitiria o trânsito dos habitantes de Gaza pelo país — uma vez que é o Estado judeu que proíbe que os palestinos deixem o território, com o único ponto de passagem para o Egito aberto apenas para transferências médicas, que acontecem de maneira muito limitada.

A proposta delineada por Trump durante uma coletiva de imprensa ao lado do premier de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, incluiria a retirada de todos os palestinos de Gaza (uma população de cerca de 2,3 milhões), a tomada de controle sobre o território (usou o termo “propriedade de longo prazo” para definir o papel a ser assumido pelos EUA), a limpeza de destroços e retirada de explosivos não detonados da região, para, ao fim, construir uma “Riviera do Oriente Médio” não só para os palestinos, mas “para todos”.

O presidente americano não especificou como ficaria a soberania da região durante e depois do mandato americano, nem como ficariam os cidadãos retirados.

A Casa Branca começou uma operação para amenizar as declarações de Trump, que geraram uma onda de reações internacionais, em sua ampla maioria rejeitando por completo aquilo que a ONU definiu como “limpeza étnica”. Especialistas afirmaram que o plano do republicano seria impossível de ser alcançado sem atropelar uma série de regras e princípios que regem a relação entre os Estados e o direito humanitário.

A porta-voz da Presidência americana, Karoline Leavitt, disse na quarta que Trump não havia se comprometido em enviar soldados para Gaza — algo que o presidente disse textualmente que faria, caso fosse necessário. O secretário de Estado Marco Rubio, que na quarta-feira parabenizou o plano de Trump e fez um trocadilho com o slogan de campanha do republicano para dizer que ele faria “Gaza bonita novamente”, afirmou nesta quinta que a retirada dos palestinos seria algo temporário.

Milhares de palestinos deslocados pela guerra retornam para o Norte de Gaza

Milhares de palestinos deslocados pela guerra retornam para o Norte de Gaza

Rubio, em viagem à Guatemala, parte de seu tour pela América Latina, disse que a proposta de Trump não era “hostil”, mas uma “ação generosa”, mostrando “a disposição dos Estados Unidos de se tornarem responsáveis ​​pela reconstrução daquela área”. Ele disse que a ideia era que os moradores de Gaza deixassem o território por um período “interino”, enquanto os escombros eram removidos e a reconstrução ocorria.

Ainda nos EUA, Netanyahu demonstrou apoio à proposta de Trump. Em uma entrevista à Fox News, na quarta-feira, ele disse não ver nada de errado com o projeto.

— Esta é a primeira boa ideia que ouvi. É uma ideia notável e acho que deve ser realmente perseguida, examinada, perseguida e feita porque acho que criará um futuro diferente para todos — disse o premier. — A ideia real de permitir que os primeiros moradores de Gaza que querem sair saiam, quero dizer, o que há de errado nisso? (Com AFP)

Publicado às 9: 35, desta quarta-feira, 6.

Related Post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *