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Seguindo>>> Durante visita de Zelenski à Berlim, premiê alemão, Friedrich Merz, disse que a Europa continuará a aumentar a pressão sobre a Rússia para o fim da guerra
Por Redação
28/05/2025 14h 59.
A Alemanha e a Ucrânia pretendem desenvolver a produção industrial de mísseis de longo alcance em parceria, afirmou o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, nesta quarta-feira, 28. O anúncio foi feito à imprensa em uma coletiva durante uma visita do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski.
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A Alemanha também intensificará seu apoio à Ucrânia, aumentando o financiamento para a produção de armas e enviando mais equipamentos militares para Kiev. O anúncio ocorre no momento em que os Estados Unidos estão se afastando do conflito e a Europa é forçada a assumir o lugar.
Merz, sem fornecer detalhes, disse que a Alemanha forneceria à Ucrânia mais financiamento para intensificar a produção doméstica de armas, incluindo aquelas com capacidade de longo alcance, e também aumentaria os envios de equipamentos militares da Alemanha. O valor é de aproximadamente US$ 5,7 bilhões.
“Queremos viabilizar armas de longo alcance e também a produção conjunta. Não falaremos sobre os detalhes publicamente, mas intensificaremos a cooperação”, disse Merz.
Zelenski afirmou ainda que os dois países concordaram em cooperar na produção de armas na Ucrânia, incluindo drones, e que acordos para a construção e o desenvolvimento de instalações de produção foram assinados.
A viagem de Zelenski ocorre em um momento em que Moscou e a Ucrânia correm para expandir seus arsenais para lutar uma guerra que deve se prolongar pelo quarto verão consecutivo.
As reuniões entre Merz e Zelenski evidenciam os esforços do chanceler para restabelecer a liderança alemã entre os aliados europeus diante do enfraquecimento dos compromissos dos EUA com a OTAN e a importância que seu país terá na sustentação do esforço de guerra ucraniano.
Apoio
Os próprios alemães estão divididos sobre se o país deve continuar apoiando a Ucrânia. Enquanto alguns consideram que a defesa da Ucrânia é importante para a segurança europeia, muitos no leste e muitos eleitores de extrema direita apoiam a Rússia ou temem provocá-la.
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A economia alemã também está em crise, o que tem pressionado os governos alemães. Mas uma medida tomada em março para flexibilizar os limites de endividamento do governo — liberando-o para gastar mais em defesa e infraestrutura — renovou os esforços de Merz para enviar mais ajuda à Ucrânia sem forçá-lo a fazer cortes orçamentários em outras áreas.
Na coletiva de imprensa, Zelenski disse que achava que a Ucrânia deveria ser convidada para a cúpula da Otan que está marcada para acontecer em Haia, no próximo mês.
“Se a Ucrânia não estiver presente na cúpula da Otan”, disse ele, “será uma vitória não sobre a Ucrânia, mas sobre a Otan — uma vitória para Putin”. Ele não disse se ele e Merz haviam discutido o assunto e afirmou que cabia à Otan tomar essa decisão.

Antes de viajar para a Alemanha, Zelenski havia dito que garantir financiamento para expandir a produção doméstica de armas da Ucrânia seria um objetivo central.
Em seu discurso à nação na noite de terça-feira, Zelenski listou os equipamentos de que seu país precisa: “Drones de ataque, interceptadores, mísseis de cruzeiro, sistemas balísticos ucranianos — esses são os elementos-chave. Precisamos fabricar todos eles”.
Depois de anos viajando pelo mundo em busca de armas para ajudar seu país a combater um inimigo muito maior, Zelenski disse na coletiva de imprensa na terça-feira que Kiev agora precisava de cerca de US$ 30 bilhões em financiamento anual para financiar sua produção doméstica de armas em plena capacidade.
Reação da Rússia e criticas da ONU
Pouco depois das declarações, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse na TV estatal russa que os planos mostram que a Alemanha já é um participante da guerra da Rússia com a Ucrânia.
Afirmou que as decisões de Berlim estão “gerando tensão” e que esperava que “políticos responsáveis” na Alemanha “tomassem a conclusão correta e acabassem com essa loucura”.
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O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, criticou a promessa de Merz de mais ajuda militar à Ucrânia. “Temos visto a Alemanha competir com a França em uma corrida para agitar ainda mais a guerra”, disse Peskov, em comentários divulgados por agências de notícias russas.
A visita do presidente ucraniano à Alemanha ocorre dois dias após Kiev receber autorização do país e da França para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos por eles contra a Rússia, que classificou a liberação como “muito perigosa”.
Um dia antes, Moscou realizou o maior ataque de drones contra o território inimigo desde o início da guerra, contrariando líderes europeus e até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou Vladimir Putin de “estar louco”.
O ataque, inclusive, foi condenado também pela ONU nesta quarta-feira. Um relatório investigativo de especialistas das Nações Unidas afirmou que as Forças Armadas russas cometeram “crimes contra a humanidade” e “crimes de guerra”, e que estão “sistematicamente” atacando civis.
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Merz também voltou a condenar a Rússia e disse que os movimentos militares do país não “falam a linguagem da paz” e que a Alemanha continuará a pressionar Moscou para que as negociações de paz avancem e a guerra termine.
“Isto é um tapa na cara de todos aqueles que estão lutando por um cessar-fogo, na própria Ucrânia, mas também na Europa e nos EUA” , disse ele.
As condições da Rússia para o fim da guerra incluem uma exigência de que os líderes ocidentais se comprometam por escrito a parar de expandir a Otan para o leste, disseram três fontes russas à agência de notícias Reuters. Ou seja, que a Ucrânia não seja adicionada como membro.
Trump frustrado com as negociações
O presidente americano, Donald Trump, que vem tentando liderar as negociações para acabar com a guerra desde que assumiu seu mandato, vem expressando sua frustração com Putin e Zelenski por ainda não terem alcançado um acordo para um cessar-fogo.
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Durante a campanha eleitoral, o magnata republicano prometeu acabar com o conflito em 24 horas, mas os bombardeios ainda não cessaram.
Ao falar com a imprensa nesta terça, o presidente ucraniano também disse que esperava “sanções dos Estados Unidos”, em particular contra “o setor energético e o sistema bancário” russo, em resposta à recusa de Moscou em aceitar uma trégua.
“Trump confirmou que, se a Rússia não parar, sanções serão impostas. Conversamos com ele sobre dois aspectos principais: a energia e o sistema bancário. Os Estados Unidos poderão impor sanções aos dois setores? Eu gostaria muito”, declarou Zelenski.

No fim de semana, Trump escreveu em sua plataforma Truth Social que sempre teve boas relações com Putin, “mas algo aconteceu com ele. Ele ficou completamente louco”.
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Desde que o conflito começou, em fevereiro de 2022, dezenas de milhares de pessoas morreram, muitas zonas do leste e do sul da Ucrânia foram destruídas e o Exército de Moscou controla atualmente quase 20% do território ucraniano, incluindo a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
O Kremlin mencionou na semana passada um “memorando” no qual apresentaria as condições de Moscou para um acordo de paz duradouro, mas Kiev ainda não o recebeu, segundo Zelenski.
“Vamos ler as propostas e certamente responderemos quando as recebermos”, disse. A diplomacia russa anunciou que transmitiria o documento a Kiev após a conclusão da grande troca de prisioneiros do fim de semana.
Guerra de desgaste
Com nenhum dos lados conseguindo avanços significativos na frente de batalha por mais de dois anos e a Rússia mais uma vez na ofensiva, a corrida armamentista assume uma importância cada vez maior, disse Seth G. Jones, ex-funcionário do Departamento de Defesa dos EUA e analista do conflito.