Caso Itaparica foi discutido por mais uma vez: “prefeito George Duarte; reforçando em Prol dos Agricultores do Fulgêncio”

By Neto Gaia maio29,2024

Comissão de Agricultura da Alepe promoveu nesta terça (28) uma audiência pública para debater os problemas enfrentados por 25 mil famílias que vivem e trabalham nos projetos públicos de irrigação do Sistema Itaparica, localizados no Sertão de Itaparica e no Sertão do São Francisco, em Pernambuco, bem como no estado da Bahia.

As famílias foram deslocadas para a construção da Hidroelétrica Luiz Gonzaga, inaugurada pela Chesf em 1988, e que inundou mais de 83 mil hectares de terra. Reassentadas em uma faixa de 150 quilômetros entre Pernambuco e Bahia,  ao longo do lago Itaparica, elas reclamam da precarização da assistência prestada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e de cortes de energia que prejudicam a produção do perímetro irrigado, além de interromper também o abastecimento de água. 

CODEVASF – Luís Napoleão Casado disse que não há recursos para a manutenção do sistema. Foto: Amaro Lima

O diretor de irrigação da Codevasf, Luís Napoleão Casado, disse que não há recursos suficientes para a manutenção do sistema. “Qual é o recurso hoje necessário? Cerca de R$ 100 milhões: R$ 30 milhões o que a Bahia colocou, R$ 1 milhão que estava no orçamento. Então nós precisamos de R$ 70 milhões para fazer a operação de Pernambuco. E o que acontece hoje? É que nós temos mais de R$ 20 milhões de débito de energia e, lamentavelmente, pode ficar certo que não foi uma decisão fácil, tivemos que suspender o contrato de operação e manutenção porque não temos orçamento”, afirmou. 

Ainda segundo o diretor, o passivo vem se acumulando ao longo dos anos. Desde 2014, quando a Chesf deixou de ser a responsável pelo fornecimento de energia, as dotações orçamentárias têm diminuído. Ele sugeriu usar dinheiro do fundo para revitalização do São Francisco, criado a partir da privatização da Eletrobrás, na recuperação dos projetos de Itaparica. Também propôs que a transferência da gestão seja feita ao longo de um período definido e com diálogo entre todos os envolvidos. 

AGRICULTORES – Admilson Nunis lembrou os compromissos firmados com os reassentados. Foto: Amaro Lima

Coordenador do Polo Sindical de Pernambuco e Bahia e reassentado do Projeto Brígida, de Orocó, no Sertão do São Francisco, José Dionísio exibiu imagens que mostram sistemas de irrigação ultrapassados e sem manutenção. Ele pediu a homologação de um contrato de cogestão envolvendo todos os entes governamentais envolvidos. 

“O Governo Federal não pode entregar o Sistema de Itaparica aos reassentados sem antes cumprir os compromissos firmados”, avaliou, por sua vez, o diretor da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) Admilson Nunis. “Como é que os trabalhadores vão pagar esse custo? Por isso é que no acordo de 1986 está colocado o compromisso do estado em relação a Itaparica. Os reassentados estão dispostos a assumir o seu compromisso, porém, o estado, através dos governos Federal, municipal e estadual, precisa também fazer a sua parte. Nós temos milhões de dívida de energia, nós temos tubulações que não passam mais água, então, como é que a gente vai fazer? O povo de lá vai sair para outra terra? Para onde?”, questionou. Nunis cobrou ainda ações do Governo de Pernambuco que possam desenvolver a economia da região, forte na agricultura familiar. 

FRENTE – José Almir Cirilo afirmou que o Governo do Estado está disposto a buscar soluções em Brasília. Foto: Amaro Lima

Brasília

Secretário de Recursos Hídricos de Pernambuco, José Almir Cirilo disse que o Governo de Pernambuco está disposto a integrar uma frente ampla para buscar soluções em Brasília. Disse também que pretende realizar visita à região para conversar com prefeitos e desenvolver estudos técnicos de possíveis convênios. 

Um pedido de audiência com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, está entre os encaminhamentos citados pelo presidente da Comissão de Agricultura, deputado Doriel Barros (PT). Ele também defendeu o retorno da mesa de diálogo com todos os envolvidos para construir uma proposta de estruturação do perímetro. “Nós vamos conversar com a governadora, porque há um recurso do fundo de reserva da privatização da Celpe (antiga empresa estatal de energia, atual Neoenergia Pernambuco). Foi dito aqui que o Governo lavou as mãos há muito tempo em relação ao reassentamento. Chegou a hora de enxugar as mãos e ir para dentro da construção que estamos fazendo”, defendeu

A audiência desta terça contou ainda com a participação do deputado federal Carlos Veras (PT), do bispo da Diocese de Floresta, Dom Gabriel Marchesi, dos prefeitos dos municípios de Petrolândia, no Sertão de Itaparica, em Pernambuco, e Curaçá, na Bahia, além dos deputados estaduais João Paulo (PT), Rosa Amorim (PT), Fabrízio Ferraz (Solidariedade), Luciano Duque (Solidariedade) e João Paulo Costa (PCdoB). Agricultores, prefeitos e vereadores da região também compareceram ao debate.

Reatualizado às 8: 40, desta quinta-feira (30)

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